como fazer amigos e influenciar pessoas

"como fazer para conhecer pessoas diferentes? Alguma dica de alguém aí pelo Brasil?"

pergunta a Graziela neste post aqui.

(e isso depois de afirmar que o post não é sobre isso, mas sim sobre fins-de-semana...)

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refletindo sobre o assunto, e já que ela requisitou dicas nossas, resolvi inventariar como conheci algumas das pessoas com quem convivo, hoje em dia e/ou há bastante tempo.

um pequeno estudo sobre formas de conhecer pessoas?

hehehe, acho que não; veremos...

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como conhecer pessoas legais, maneiras e supimpas - prólogo

"há duas maneiras de travar conhecimento com uma pessoa: você pode conversar com ela, ou trepar com ela" - afirmou certa vez o analista comportamental e galã universal Rafaelito Mantovani.

essa tese, que eu a príncipio refutei com veemência, acabou por se mostrar bastante válida, em dada medida, e muito me auxiliou na reconstrução de meu círculo social em São Paulo, uma vez que me vi (temporariamente) separado daquele em que eu transitava originalmente - visto que este era vinculado à Lucila, e nós tínhamos nos separado.

infelizmente, ela parece não se adeqüar muito à presente demanda da Graziela, tendo em vista a sua limitada aplicabilidade, devido às restrições (auto?-)impostas por outra tese - a monogâmica.

...a qual não será objeto deste breve estudo.

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passemos então à analise de algumas outras maneiras igualmente interessantes de se iniciar relacionamentos, inventariadas ao sabor da memória nesta madrugada:

como conhecer pessoas legais, maneiras e supimpas - estudo de caso

1.
seja filho de alguém intrépido o suficiente para ter mais de um filho. tente não causar dano físico permanente ao seu irmão/irmã ao longo da infância (algum dano psicológico parece ser inevitável). tente aprender - e ensinar, nem que pela prática - um tanto de tolerância e solidariedade. invista em afinidades, eletivas ou não. contando com a sorte, você poderá se encontrar, após uns 25 anos, em muito boa companhia. [caso-modelo: Silvia]

2. faça teatro. atue em peças furadas e sem remuneração. arrisque-se em grupos iniciantes e empreitadas de viabilidade duvidosa. ensaie o papel do refinado e afetado Cristopher Wren, numa peça escrita por Aghata Christie. convide o ator que faz o mesmo papel que você para montar uma banda (é válido recorrer à pessoa conhecida pelo método 1 para completar a formação). convença-o a comprar um pedal de wah-wah. tente não brigar por mulher (ainda que vocês compartilhem mais que o papel do gay da peça e o gosto por quadrinhos e música de nerd). com sorte e paciência, após uns 15 anos, você poderá se encontrar em... apuros. mas em muito boa companhia. [caso-modelo: Chirol]

3. escreva uma carta-ensaio anônimo de 20 páginas acerca de um conto sobre suicídio juvenil. mantenha correspondência (ainda anonimamente) com o autor do referido conto - alguém que declaradamente não tem interesse em conhecê-lo por você ser, abre aspas "carioca, hippie e cabeludo". embriague-se até as náuseas (vomitar é opcional, mas às vezes ajuda) na Noite do Bebum no Madame Satã. freqüente boates gays e inferninhos em geral. não durma, especialmente à noite. esteja pronto a decodificar torrentes verbais complexas e circunvolutórias (?), povoadas por minuciosas descrições de episódios dos Simpsons, bem como por referências as mais variadas, do erudito ao pop, em três ou quatro idiomas (não necessariamente isolados). se por sorte seus neurônios resistirem, após uns 7 anos você terá pouso certo em São Paulo, além de um telefone para chamar não Às 3, mas Às 6 da manhã. e uma muito boa companhia para varar noites em qualquer estado (vale aí qualquer acepção da palavra também). [caso-modelo: Mantovani]

4. seja sucessivamente abandonado por cada um dos integrantes da sua banda, num projeto de viagem até a Bahia, para um congresso estudantil. embarque assim mesmo num ônibus repleto de completos desconhecidos, para o percurso de 40 horas - fora os 6 dias de estada em Salvador. após passar as 3 horas e meia de atraso da partida mudo, torça para que o retardatário esquisito que atende por "Latino" não se sente ao seu lado. constate que sua torcida não surtiu resultado. concorde em dormir de lado nas duas cadeiras, para que Latino deite-se no chão, com a cabeça no meio do corredor. ao ouvir opacaruéquantaspatacastemnamestomou responda sem hesitar: opa! e em seguida, após o na feira?, rebata prontamente: Fudeu! e beba logo a pinga quando errar. toque um violão que não é seu, no ônibus em movimento, para os 45 completos desconhecidos (convém cantar alto). junte-se ao grupo errado de pessoas (emcabeçado por Sady, o Wally carioca). perceba a tempo e junte-se à turba a caminho da praia. aceite conselhos de Latino, ainda que este esteja deliberadamente mergulhando todo o rosto num monte de maionese enquanto o aconselha. de volta ao Rio, mande recados ao longo dos semestres sem encontrá-lo. faça-se acompanhar dele em novas viagens longas e pouco planejadas. como a sorte costuma favorecer os encontros fortuitos com ele, bastará ser tranqüilo para que, uns 6 anos depois, você se ache em muito buena onda & cia. [caso-modelo: Carué]

5. conserve a amizade de sua 2a (ex-)namorada. vá comemorar seu (dela) aniversário de 15 (?) anos, passando um fim-de-semana em Itaipu com mais umas 5 meninas e 2 caras. flerte moderadamente com uma ou duas das meninas que você já conhece, mas esteja atento à linda e simpática menina desconhecida, que parece se empenhar em ser intencionalmente simpática para com você (já que para ser linda ela não precisava se empenhar muito, ainda mais na piscina, à noite. eventualmente, deixe a casa e os demais para jogar sinuca com ela. e molhar os pés na água, sentados no pier, na penumbra. beije-a. aliás, beije-a sempre que possível (ou quase). mantenha contato com ela ao longo dos próximos 9 anos - mesmo que ela rompa o acordo tácito entre vocês, e deixe de ser deliberadamente simpática, por razões menores. após meses sem notícias, viaje 6 horas para encontrá-la, mesmo sem saber se ela tencionaria ou não retomar o arranjo original da simpatia ostensiva. beije-a novamente. com sorte, paciência, sem fundir o cérebro, e sempre tranqüilo, você estará 10 anos depois muito bem acompanhado. ainda que à distância. e a caminho do aeroporto. e previamente com frio. mas previamente quentinho, sob cobertores e muita simpatia intencional. [caso-modelo: ]

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como conhecer pessoas legais, maneiras e supimpas - algumas conclusões

cinco exemplos é pouco. poderia, é claro, citar muitos mais.

estes bastam, todavia, para percebermos que conhecer pessoas com quem tenhamos afinidade exige um misto de acaso e empenho, e demanda também um certo tempo.

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bastam também para ratificar algumas observações já feitas pela Graziela, em seu prórprio post:

aceitar convites, mesmo aqueles que não aceitaríamos habitualmente (ou talvez especialmente esses?), pode ser parte importante - talvez a principal! - do processo;

sair em grupos grandes nem sempre resulta - posto que a dinâmica tende a ser inclusiva, e portanto a conversa dificilmente ultrapassa o superficial;

um contato menos superficial, por outro lado, muitas vezes nos leva a descartar uma relação, por constatar que não havia mesmo afinidade para além do mero trato social;

é mais fácil conhecer alguém viajando, fazendo teatro ou música, do que fazendo doutorado em Física :]

(muito embora o ambiente de estudo proporcione um denominador comum, além de encontros garantidos, entre pessoas que previamente não se conheciam, mas que têm ao menos um interesse coincidente - o interesse naquela área de estudo. ou a obrigação de ali estar, em alguns casos...)

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podemos depreender muito mais ainda dessa rápida reflexão: de onde conheço cada uma das pessoas com quem atualmente convivo - em especial, aquelas com quem opto por conviver?

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esbocei algumas respostas, mas deixo a pergunta aí no ar, longe de estar esgotada.

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e beijos para Graziela

e abraços paratodos

os meus queridos amigos

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PSs:

- a Graziela está realmente aceitando convites inusitados: ontem ela saiu para procurar vestidos de noiva(!)

- Gra, acho que quem nasce no Chipre é cipriano (Mantovani? Silvia? câmbio); e que "Chiclete com Banana" é do Gordurinha, e não do Jackson do Pandeiro (Silvia?)

- ...e não concordo com você: pra mim, uma mesa com 8 nacionalidades diferentes parece instigante - e não motivo para um "não poderia dar muito certo", como você disse; talvez o problema não estivesse nas nacionalidades, nem no início da conversa! ;]

- ah, e ao nos pedir dicas para conhecer pessoas, você fez a ressalva: "Lembrem-se, os alemães não são um povo caliente como nós". bem, primeiro, você quase não tem alemães em seu convívio direto; e segundo, pelo que você contou, sua tropicalidade estava sendo mais que suficiente para os gringos...

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e aí, Gra; o post ajudou?

:]

espero que sim! quem mais tiver alguma sugestão, deixe aqui, ou no quase-de-verdade.


beijos.

5 comentários:

Anônimo disse...

tava fazendo um comentário enorme e ele sumiu! Quando eu estava escrevendo a última linha! Ai, que preguica de escrever tudo de novo...

Beijinho, amore, adorei o post!

Dimitri BR disse...

puxa

Anônimo disse...

ai, sua puta. Eu sempre soube que tudo o que vc queria de mim era o pouso certo aqui em Sampa e o pretenso direito de reproduzir os meus comentários jejunos e altamente questionáveis sobre o sexo casual. Você está pondo a minha galanice na roda e em risco, Dimitri, alto lá.

e quanto a todos os outros casos, minha dica é:
conheça um carioca aparentemente frique mas no fundo (e como um bom frique) bem inclusivo e com instintos gregários, que já tenha pedalado bastante por aí em universidades, aceite finalmente os convites dele para visitar sua amada cidade, e depois basta desfrutar de sua casa com vista para o Pão de Açúcar, de suas irmãs e cunhadas modernas com designer living-rooms, de seus amigos nerds com cachinhos e óculos ALTAMENTE zoáveis, de seus amigos não tão nerds mas que deixam vc pegar na barriguinha deles, de um amigo especialmente guerreiro da balada e do destino cujo nome dá nome a uma Lei, e de lambuja adote os amigos ludomaníacos advogados que ele deixou em São Paulo.

Conclusão: Forget about orkut. Get dimitri working for you.

bjo pra todos os mencionados e imencionáveis. Tô com saudade do Rio.

Dimitri BR disse...

engraçado. eu ia dizer algo parecido em relação ao Mantovani.

algo agressivo esse elogio, hein.

fique tranqüilo, Manti: sua galanice é inabalável.

:/

Anônimo disse...

(oi, amorzinho!)

ih, vamos tentar os comentários compridos de novo:

1.não, esse post é muito divertido mas não ajudou em nada, já que os métodos listados para se conhecer pessoas são absolutamente convencionais, e eu realmente preciso (e cada vez mais) de métodos expressos.

2.você não sabe fazer conta :P

3.realmente minha pesquisa no google sobre a autoria de 'Chiclete com Banana' não foi suficiente. Uma mais detalhada informa que sim, o autor é de fato o Gordurinha.

4.é, parece bem razoável que nascidos em Chipre sejam ciprianos, especialmente porque o nome do país em inglês é Cyprus.

5.meu problema não era com as diferentes nacionalidades, é claro que isso é interessante. Meu problema era com o 'cada um diz seu nome e blablabla', parece coisa de jardim de infância.

6.justamente porque não tem alemães no meu convívio direto é que eu preciso de dicas para conhecê-los. Eu já estou conhecendo as pessoas com as quais eu convivo, e talvez isso faca com que eu precise mais ainda conhecer outras. : (

7...e sobre a minha tropicalidade, o problema é exatamente que ela é mais do que suficiente para os gringos. Aliás, acho que ela é demais para eles...

é, acho que é isso!

um beijo, menino mais bonito!