meus amigos são um barato (II)

estamos na casa de um amigo (amigo do will?) perto de um morro, o qual pretendemos escalar mais tarde. eu e marília vamos antes à gravação de um dvd do biquini cavadão num grande teatro próximo. o teatro fica na princesa isabel, como o villa-lobos, mas é grande e luxuoso como o municipal, e têm um lobby com escadarias como o municipal e uma cúpula de vidro semelhante à do ccbb.

mal começa o show marília já está arrependida de ter ido. não fica bem claro por que quisemos ir. é quando entra, pelo meio da plateia, com um microfone sem fio na mão, uma convidada-surpresa do dvd. a convidada vem descendo pelos degraus da ala central entre as cadeiras, já cantando, com o rosto e corpo escondidos por uma capa com capuz. ao passar perto de nós ela remove a capa, revelando ser a ivete sangalo.

mas o que deveria ser um grande efeito não dá muito certo: o teatro está muito escuro e ivete não consegue ver direito por onde anda, temendo cair. tanto que pára a meio caminho e, irônica, visivelmente irritada, começa a reclamar no microfone, no ritmo da música, algo como "está muito escuro aquiii! eu vou tomar um tombo nessa porraaaa!", etc. além disso, o teatro está bastante vazio e, apesar de as pessoas estarem empolgadas, ouvimos um casal mais velho comentar ao nosso lado que a entrada de ivete pela plateia "ia dar um efeito lindo se o teatro estivesse lotado, mas assim..." - e de fato, já havíamos pensado que as câmeras iam filmar ivete descendo pela plateia meio-vazia, o que talvez fosse meio patético.

enquanto pessoas da produção corriam escada acima pra resgatar ivete e conduzi-la até o palco, marília decidiu que aquilo já era demais pra ela: queria que fôssemos embora, encontrar will na casa do amigo, para todos irmos escalar o morro. eu reluto: "sabe o que é, marília, entendo que você queira sair, mas eu gosto de ver shows, mesmo ruins, mesmo se não estão dando certo; sempre me divirto, aprendo alguma coisa. além do mais, os ingressos foram caros, já pagamos e viemos até aqui..."

quando ia dizer que ela podia ir na frente, que eu os encontraria depois, meu celular toca. passo o celular pra marília, que já tinha levantado e estava agachada ao lado das cadeiras, pronta pra ir embora. o celular é orgânico, feito da casca de uma fruta grande, como melancia ou melão - um recorte côncavo apenas da casca, dobrado em dois. marília desdobra meu celular de melancia e atende. é tânia, dizendo pra irmos fazer hora na casa dela, porque wilson está dormindo. tânia estava jogando catan espacial, jogo no qual devia proteger uma nave da invasão de alienígenas. marília me conta isso e acabamos saindo mesmo do teatro.

ainda descendo as escadarias do lobby, no entanto, um contratempo: estou segurando vários ovos de galinha (crus) numa mão só, e não consigo evitar que alguns deles caiam e se espatifem, sujando os tapetes luxuosos do teatro. marília tenta me ajudar, mas derrubamos ainda mais alguns ovos. as pessoas no lobby olham feio pra nós.

mas o problema não é o constrangimento: é que precisamos dos ovos pra escalar o morro, já que vamos usar uma técnica de escalada que consiste em levar apenas uma corda convencional e alguns ovos crus de galinha. à medida em que se vai subindo a encosta, quebram-se os ovos, fazendo de cada um deles uma pequena corda elástica e viscosa, extremamente resistente, prática e reutilizável por algumas vezes.

na saída do teatro encontramos x (o amigo da casa?), que nos tranquiliza, dizendo que a subida era curta, então mesmo poucos ovos seriam suficientes, juntamente com a corda convencional. voltamos juntos à casa dele, dispostos a acordar will e proceder com o programa de escalar o morro.

2 comentários:

Guilherme Frederico Lima disse...

... e aí vc acordou.

(saquei tudo, saca?)

Dimitri BR disse...

sacando da sacada