no meio da calçada
tinha uma árvore
e eu decidi contorná-la
pela esquerda
um outro transeunte foi
pela direita
uma folha caiu
e quase roçou-lhe o braço
e eu estaquei aturdido
contemplando a enormidade
daquele acaso:
houvesse eu ido pela direita
seria meu braço
que a folha quase roçaria
e não o do outro transeunte
nós continuaríamos na calçada
que tem uma árvore no meio
mas o mundo como o conhecemos
não existiria mais.
2 comentários:
Gosto do anti-lirismo, que é sempre uma forma de pensar poeticamente.
Beijos
olá Eliana, seja bem-vinda por aqui!
e obrigado pelos comentários, gosto muito de segundas opiniões. e terceiras e quartas.
o curioso é que a mim este poema não parecia "anti-lírico"; na verdade, eu pensei esse texto sob o efeito de uma noite sem dormir, no curto espaço entre descer de um ônibus, atravessar a rua e chegar à casa de amigos.
e acho-o bem "derramado", na verdade um pouco até demais para o meu gosto - sobretudo a terceira estrofe, que eu provavelmente suprimiria se fosse cuidar de reescrevê-lo.
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