fatos & fotos (1)

Salve todos!

é verdade sem mentira: foram muito bons os nossos pocket-shows no Projeto Inédito!

mais uma vez, agradeço a todo mundo que compareceu pra conferir.

Pra quem não lembra, o Inédito reunia às quartas 5 novos compositores, de estilos variados, interpretando 3 de suas canções cada um.

pelo sorteio eu seria o segundo a me apresentar, e Chirol o quarto; no entanto, mudanças fizeram com que eu abrisse a noite tocando

1. mir [samba composto pra um show que fiz abrindo pra URSS, quando eu ainda não tocava na banda, e que provou novamente ser muito apropriado para abrir o set, porque começa suave e sobe aos poucos, terminando a segunda vez uma oitava acima - aquele recurso tão usado pelo Gilberto Gil, sempre funcional. nem a propósito, "mir" será a segunda música do meu cd solo (em gravação). a letra fala sobre o aparente paradoxo existente entre as letras de samba, freqüentemente tristes, e a alegria catártica associada à música do samba. o título é uma palavra russa, que significa tanto 'mundo' quanto 'paz', e era o nome da estação orbital que mais tempo permaneceu no espaço (detalhes no link mir aí ao lado).]

2. às vezes eu tenho vontade de parar de fazer música [essa eu escolhi pela natureza do evento: trata da angústia de compor sem saber pra que ou pra quem, e de como a gente acaba compondo assim mesmo... tem uma gravação antiga dessa música na página do no hay banda no tramavirtual. curiosamente, ela foi das que mais agradaram os ouvintes que comentaram as músicas disponibilizadas lá, mesmo a maioria não sendo de compositores. e também curiosamente, ela não deu muito certo lá no show, não... acho que ficou intimista demais, só com voz e violão. mas gostei de tê-la tocado; além do mais era a única totalmente inédita das 3.]

3. a verdadeira minoria [com essa aconteceu o inverso da anterior: funcionou melhor do que eu previra. aliás, foi apenas a segunda vez que eu a toquei em público, e nas duas ela rendeu muito bem ao vivo. a letra (auto) irônica e inusitada, a levada jorge beat (algo como um mangue bit à beira mar) e a interpretação teatralizada da letra comunicaram bem com o público. escolhi ela pra fechar e não me arrependi.]

deixei o palco com o famigerado gostinho de quero mais: três músicas é pouco! mas esse número reduzido manteve a fluência das apresentações. só espero que mais gente além de mim tenha ficado querendo mais, hehehe!..

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felizmente, ainda na mesma noite, eu tive uma ótima oportunidade de mitigar um pouquinho de minha insaciável sede de tocar: fiz uma participação no excelente show do Chirol, tocando escaleta.

pois é certo muito verdadeiro: o show do Chirol foi muito bom! nem parecia que ele estava antes tão receoso de se apresentar sozinho, cantando. e cantando bem:

1. Fosco [espertamente, o Chirol abriu o show com a música que ele estava mais seguro pra cantar. a canção triste, quase tragicômica - vide os famosos versos "esperei o cachorro lamber minha cara / e esse foi o sinal / de que ainda estava / vivo" - saiu muito bonita na voz do autor. autor este que, para minha surpresa - e dele mesmo também! - até arriscou variações interpretativas na segunda repetição da letra.]

2. Segunda-feira [na seqüência, ele mandou uma versão bem crua deste que seja talvez o maior chirol-hit (termo cunhado pelo filósofo Cláudio Chagas para designar as canções chirolinas de apelo pop): "Segunda-feira" faz parte do repertório tanto da URSS quanto do 3a1 e, se não me engano, já foi tocada por outras bandas do Achilles também. na versão do show o Chirol apresentou a canção sem firulas, incorporando a citação de "Jorge de Capadócia" que usamos no arranjo do 3a1, mas sem se aventurar em grandes gritarias. tentou não atrapalhar a música, que é mesmo muito boa, e acho que conseguiu.]

3. Sorriso [pra fechar, Chirol deixou esta música mais 'animada', um folk-rock entre Fellini e Ira (as bandas paulistanas, não o diretor e a milícia). pra dar mais uma levantada no final, fui contribuir com a escaleta (pra quem não está familiarizado, é algo como um pequeno piano de sopro). o arranjo ficou bem legal, a música tinha refrão e tudo, e funcionou bem, de fato - embora a empolgação talvez tenha sido priorizada em detrimento da compreensão da bonita letra desta nova candidata a chirol-hit.]

ao final do show o público, com grande reforço dos camaradas presentes, aplaudiu bastante. e nós nos divertimos tanto, que saímos de lá combinando de formar uma terceira banda, pra tocar coisas que não caibam nas duas que já compartilhamos... ayay!...

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o pós-show foi clássico: dilemas conjugais etílicamente debatidos, com a presença de um elenco de notáveis que incluiu nosso bissexto camarada Haroldo Bordão, para nossa alegria. mesmo na fossa. ayay, essa vida de artista...

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por falar nisso, vou encerrar este post com algo que me ocorreu sobre artistas cariocas e paulistanos:

acho que o artista carioca tem o dom e a sina de não se levar muito a sério, mesmo quando seu trabalho é seríissimo; e já o paulistano tem a capacidade e o fardo de se levar sempre a sério, ainda que esteja fazendo a maior farofa...

...e cada um arca com as conseqüências dessas suas idiossincrasias. e poderia, portanto, aprender muito com o outro.

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isso dito,

abraços paratodos

e viva Nelson Rodrigues e Roger Rocha Moreira!

4 comentários:

Anônimo disse...

Como foi que eu adivinhei que ía ter um post ainda não divulgado?

Ah, os shows foram muito bons mesmo...

1 beijo!!

missbutcher disse...

Dimitri e Chirol (por favor, Dimi, repasse esse comentário para nosso querido amigo),
a minha sugestão é a seguinte: não montem mais bandas. Tenho a convicção de que a 3a1 tem braços voltados para todos os estilos e tipos de letras. Vocês são artistas coerentes, que não fazem canções tão díspares assim. E as músicas "diferentes", podem muito bem serem inseridas na 3a1. Portanto, não dispersem. A idéia é focar.
Beijos.

paula manzo disse...

concordo sobre paulistas e cariocas. mas amo os dois, igualmente.

Dimitri BR disse...

Paula:

nem preciso dizer que concordo com você. tanto que fui até fazer um 'estágio' de 5 anos em SP... e você aliás também freqüenta o Rio, né.

Bel:

você tem razão: a idéia é focar. mas daí a dizer que não compomos músicas díspares entre si, e/ou que todas poderiam se encaixar no repertório do 3a1, é um contrasenso justamente com essa idéia de foco.

uma coisa que gostamos muito no 3a1 é exatamente a coerência do repertório; e ela só existe porque, em prol dela, deixamos de fora muitas músicas que gostaríamos de tocar.

acontece que eu tenho músicas muito diversas sim, e aprendi precisamente a relaxar um da ânsia de tocá-las, passando a escolher as que se encaixem em cada projeto.

no próprio 3a1, por exemplo, tocamos músicas compostas 3,4 anos atrás, e que estavam até hoje aguardando sua vez... (e acredite: nem sempre é fácil ser tão paciente!)

beijos Bel e Paula