dia de sol no clube silêncio

é um clube? há piscinas. pequenas, duas, três. crianças brincam. há também uma plateia - fileiras de cadeiras em degraus suaves. à beira das piscininhas, a céu aberto, sob o sol. do outro lado das piscinas - bem perto - montou-se um palquinho: caixas e mesa de som, amplificadores, bateria, microfones. uma banda evangélica infantil começa a tocar, para alegria de muitos dos presentes. afasto-me das piscinas e subo à última fileira da arquibancada. enquanto subo, caetano veloso assume o palco. começa por contar que viu "o grupo escocês belle & sebastian fazer uma versão horrível de sua (dele) música 'baby'"; que, "se estavam tentando conquistá-lo, os belle & sebastian tinham errado de cara numa coisa: o batom."

nesse ponto chego lá em cima - pra falar com silvia, que está com juli e outras amigas (eu as havia encontrado mais cedo em casa). mas estão na outra ponta da fileira, terei que passar entre as cadeiras pra alcançá-las. nas primeiras cadeiras da ponta de cá encontro marina e tio hely. bem na hora em que caetano vocifera sobre o batom errado dos belle & sebastian. atenta ao palco, marina me cumprimenta brevemente e se levanta pra me dar passagem. em seguida passo por tio hely que, vestindo uma camisa de listras verticais brancas e vermelhas, observa caetano entre intrigado e mau-humorado. tio hely já morreu, então acho melhor falar normalmente com ele; de outro modo, estranharia eu não falar, talvez se desse conta de seu engano de condição - vivo por morto - e sumisse de novo. - e aí, tio? tá nervoso, ele, né? tio hely arma seu típico sorriso jocoso de canto de boca. - tá, né, meu filho? nervosinho ele. e ri.

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