Rodolfo, Carlos Alberto e Teófilo não se conhecem, mas têm algo em comum: adoram ler no banho.
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Rodolfo é muito rico. Mandou fazer cópias em plástico de todos os volumes de sua vasta biblioteca.
"Não importa o custo."
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Carlos Alberto é ainda mais rico que Rodolfo. Muito mais. Leva os livros para a banheira assim, sem piedade. Mesmo os mais raros.
"Se estragar, foda-se: compro outro."
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Teófilo não é nada rico. Sentado sob o chuveiro, abre a porta do box e se contorce para ler o livro que mantém do lado de fora.
"É uma delícia ler sentindo a água cair nas costas."
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Usando de sua influência na sociedade, Rodolfo conseguiu que a Cia. das Letras se comprometesse a confeccionar uma cópia em plástico de todos os seus futuros lançamentos.
Rodolfo bancou o projeto, ao qual deu o nome pomposo - e cretino - de Coleção Nemo.
(Não sabe ele que Lucila, designada à revelia editora responsável pela "Nemo", só se refere à mesma como "Coleção Pandolfo". Só de birra.)
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Carlos Alberto decidiu precaver-se quanto a danos irreversíveis em seus volumes, e passou a adquirir de saída várias cópias de cada publicação.
Duas no mínimo, dos livros que jamais tem intenção de ler. Cinco dos best-sellers de ocasião. Dez ou vinte de suas obras prediletas. De cada edição delas.
(Silvia recebeu a dica e já acertou com Carlos Alberto o fornecimento de um lote inteiro da nova tiragem da Enciclopédia dos Orixás, da Pallas.)
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Mesmo se sentindo culpado, Teófilo se alegrou com a notícia de um pequeno incêndio na Livraria da Travessa. Ninguém se feriu, e caixas e caixas de livros foram inundadas pelo sistema anti-fogo.
Teófilo logo se prontificou a ficar com alguns dos exemplares encharcados. Segue, entretanto, tentando proteger seus livros dos respingos, enquanto sonha com uma banheira com tábua de apoio.
(Carolina prometeu ficar de olho no estoque, mas acha que a Travessa terá de devolver os livros ensopados para receber o seguro.)
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glub, glub, glub.
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[este texto é carinhosamente dedicado aos meus muitos amigos que trabalham com dedicação nas mais diversas ramificações da indústria literária. e ao Júlio Verne, obsessão literária da minha infância. :]
5 comentários:
Hahahahaha.
Beijo,
Lucila
salvem a travessa! eu tou indo pro rio e seria uma tristeza vê-la queimada assim...
e essa idéia dos livros de plástico, hein, dimi, é de patentear, não?
beijos
Luci-la:
eu tenho certeza que você chamaria o cara de Pandolfo.
Bia-triz:
fique tranqüila, o incêndio foi no café, no segundo andar, e foi pequeno; uma vez feita a limpeza e dissipada a fumaça, os únicos livros afetados forma os tais do estoque submerso.
e por que você acha que os livros de plástico seriam um hit?
quem mais aí gosta de ler tomando banho?
beijos para as duas. e continuem fazendo livros! :]
Dimitri : você é imperdível!
flavinha: estou contigo até debaixo d'água!
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